Diretora-Executiva do FMI

envolvida em escândalo econômico –

A diretora-executiva do FMI, Christine Lagard, acusada de favorecer empresário com dinheiro público quando era ministra das finanças da França, em 2008.

Na última quarta-feira, 20 de março, a polícia francesa invadiu o apartamento parisiense da atual diretora-executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagard. A operação de busca e apreensão de documentos e provas faz parte de um processo judicial iniciado em 2011 contra Largard. Ela é acusada de desviar fundos públicos em 2008, quando ocupava o cargo de Ministra das Finanças no gabinete conservador de Nicolas Sarkosy. Lagard estava em Frankfurt no momento da batida policial e seu advogado nega as acusações. O portal do FMI na internet não comentou a notícia.

A Corte de Justiça da República da França indiciou a ex-ministra pelo desvio e também por “abuso de poder”. O caso envolve uma arbitragem privada entre um empresário-celebridade e um banco (Credit Lyonaiss). Mas devido à intervenção da então ministra, a disputa acabou resultando na liberação de um financiamento público no valor de 285 milhões de euros para o famoso empresário Bernard Tapie, que na eleição seguinte tornou-se um dos maiores doadores da campanha de Sarkosy ao segundo mandato presidencial.

  Tapie já foi ator, cantor, apresentador de TV, ministro das cidades e dono de clubes de futebol como o Olympique de Marseille, além de marcas famosas como a ADIDAS. É uma figura pública e polêmica, envolvido em vários escândalos judiciais na França e nos Estados Unidos. Lagard teria ignorado pareceres contrários de seus assessores, que discordavam da liberação dos recursos públicos a Tapie. O empresário chegou a ser preso por seis meses em 1997 por tentativa de suborno de testemunhas num casso de compra de resultados de jogos de futebol para seu time. O Olympique de Marseille foi penalizado com a perda do título francês e rebaixamento para a segunda divisão, além do pagamento de multas.

A cena política francesa tem sido repleta de escândalos no período recente. O ex-presidente Sarkosy também está respondendo a processo por receber doações ilegais na campanha, pois teria recebido um envelope contendo 150 mil euros da mulher mais rica do país, quando a legislação francesa permite que as doações eleitorais atinjam apenas 4,6 mil euros. O atual Ministro do Orçamento de François Hollande pediu demissão no mesmo dia em que Lagard teve a casa vasculhada, devido a alegações de evasão fiscal.

Lagard foi ministra das fiananças de Sarkosy entre 2007 e 2011.

Christine Lagard assumiu a chefia do FMI em 2011, após a demissão de seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, envolvido num escândalo de abuso sexual de uma camareira do hotel de luxo onde se hospedava em Nova Iorque. Devido a um “acordo de cavalheiros”, o FMI tem sempre um diretor europeu, enquanto que o Banco Mundial fica sob o comando de um estadonidense. Ambas as instituições foram fundadas a partir da Conferência de Breton Woods, em 1944, pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial. A proposta original de seus idealizadores – Lord John Keynes, dentre eles – era criar uma instituição pública capaz de regulador e estabilizar a economia internacional mediante ajuda financeira aos países em dificuldades e estímulo a políticas que facilitassem o desenvolvimento. Mas, ao longo das décadas, o keynesianismo foi gradativamente perdendo espaço para a ortodoxia neoliberal em tais instituições. Segundo o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, a partir dos anos 1980 elas tornaram-se o pesadelo de países da periferia devido à imposição de condicionalidades e ajustes estruturais dogmáticos e pró-mercado, que resultaram em altíssimos “custos sociais”, como desemprego, fome, migrações forçadas, dentre outras.

Tais crimes cometidos pelas instituições financeiras internacionais (IFIs) nunca foram reconhecidos como tal pela “comunidade internacional”, apesar das constantes mobilizações em todo o mundo exigindo reparações e o fim das políticas de ajuste estrutural – também denominadas como “Doutrina de Choque”, na expressão cunhada pelo livro célebre de Naomi Klein.

Capa do livro da canadense Naomi Klein, sobre a doutrina de choque promovida pelas IFIs.

Será que após mais um escândalo alguém do topo das IFIs será finalmente julgado criminalmente e responsabilizado politicamente por seus atos?

 

Referências:

http://rt.com/news/lagarde-search-flat-tapie-533/

http://www.france24.com/en/20130320-france-police-search-home-imf-boss-lagarde

http://www.imf.org/external/np/sec/memdir/eds.aspx

http://www.latimes.com/news/world/worldnow/la-fg-wn-police-search-home-imf-chief-lagarde-20130320,0,6815288.story

http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/sarkozy-rejeita-acusacoes-em-caso-loreal-e-diz-que-e-perseguido,61f3e7da1fc8d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html