Incêndios de fábricas em Bangladesh – O mundo ainda não se esquecera da tragédia de 27 de novembro de 2012, quando um incêndio matou 112 trabalhadores têxteis, e outra fábrica de tecidos voltou a entrar em chamas em Bangladesh, sul da Ásia. Desta vez foram 7 mortos, todas mulheres. Os incidentes revelam a precariedade das condições de trabalho e o descaso dos empresários do país com a segurança de seus trabalhadores industriais. Em ambas os incidentes, os seguranças das fábricas foram acusados de dificultar a fuga dos trabalhadores.
No incêndio de novembro passado, uma multidão de operários em fúria criou um movimento grevista espontâneo, que paralisou o país por dias. Diante da pressão popular, o governo exigiu da Associação dos Exportadores e Manufaturas Têxteis de Bangladesh o pagamento de U$ 7.500 dólares para a família de cada trabalhador morto no incêndio. Mas até agora, passados dois meses da tragédia, ninguém recebeu um centavo sequer. Questionada sobre baixos valores das indenizações, a associação empresarial respondeu que, dentro da realidade do país, aquelas eram boas quantias, que corresponderiam ao salário de 30 anos de um trabalhador da indústria têxtil local.
Bangladesh fabrica roupas para grandes marcas varejeiras ocidentais, como a sueca H&M e a norte-americana Wal-Mart. Desde 2006, mais de 6.000 pessoas já morreram em incêndios de fábricas no país. Os constantes acidentes de trabalho e os baixos salários acabaram gerando um movimento cujo slogan é: “Fábricas não são prisões”.
Será que não?
Referências:
http://www.huffingtonpost.com/2013/01/27/factory-fire-bangladesh_n_2558487.html
http://www.irrawaddy.org/archives/25074
Aljazeera.com/livestream
*Artigo de Miguel Sá. Mestre em Relações Internacionais e membro do PACS.
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