Santa Cruz, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, sofre com os impactos das ações da transnacional alemã TKCSA sobre a vida de seus moradores e o meio ambiente em que vivem. Poluição, chuva de prata, violação de direitos humanos estão entre os muitos problemas gerados pela empresa do ramo siderúrgico, responsável pela emissão de gases poluentes no bairro e na cidade do Rio de Janeiro.

Com o objetivo de conhecer outras realidades semelhantes a essa, moradores e pesquisadores de Santa Cruz vão participar de um intercâmbio no estado do Maranhão entre os dias 15 e 16. Será um encontro com os moradores do bairro industrial Piquiá de Baixo, situado no município de Açailândia, no sudoeste maranhense e que apresenta problemas parecidos.

Em Piquiá vivem aproximadamente 320 famílias que sofrem os impactos socioambientais provocados por cinco siderúrgicas desde a década de 1980. Nos últimos anos, a Associação Comunitária dos Moradores tem atuado pelo direito a moradia digna. Eles conseguiram a desapropriação de um terreno localizado no mesmo município e elaboraram o projeto urbanístico do novo bairro a ser construído. São conquistas que causam nos moradores a esperança de em breve sair do local onde vivem. “Não dar mais para viver aqui, as pessoas estão doentes e morrendo, nós queremos ir para longe da poluição”, relata o senhor Willian.

Mesmo com resultados positivos nos últimos anos, o reassentamento da população de Piquiá está parado na justiça. As atividades do intercâmbio que será realizado nos próximos representam mais uma forma de pressionar as autoridades do município para a rapidez no processo de retirada das famílias de perto das siderúrgicas.

Durante os dois dias de encontros os moradores das duas regiões vão participar de uma audiência pública com a presença de representantes do Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, da Prefeitura de Açailândia, além de entidades e organizações não governamentais do Rio de Janeiro e do Maranhão que acompanham os casos.

Os dois casos emblemáticos já tem conhecimento internacional. O encontro com moradores do bairro Santa Cruz vai mostrar ainda que os impactos da siderurgia estão presentes não só no estado do Maranhão. Muitas pessoas, em todo o Brasil estão tendo os seus direitos violados.

Este é o segundo momento do intercâmbio, que aconteceu pela primeira vez em abril deste ano, confira em artigo do PACS.