conflitos e resistenciasNo último sábado, 05 de Abril, foi realizada a quinta oficina de debates do “Conflitos e Resistências”. Nesta ocasião, cerca de 35 pessoas compareceram ao Sidipetro-RJ para debater conjuntamente a criminalização da luta popular no Rio de Janeiro e no Brasil. A oficina foi animada pelas falas do Mc Calazans, do Instituto Raízes em Movimento e da APA-Funk e pela advogada Natália Damazio, da Justiça Global. O delegado Orlando Zaccone confirmou presença, mas não compareceu.

MC Calazans, que mora no Complexo do Alemão, iniciou sua reflexão lembrando da brutal ocupação da comunidade em 25 de Novembro de 2010, feita para garantir a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A suposta “pacificação” não impediu que ele perdesse 40% da sua geração de amigos de infância no complexo desde então.

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Uma de suas principais críticas foi ao trabalho desenvolvidos por ONGs, empresas e Igrejas. Segundo o MC, tais instituições tentam criar um consenso em torno da criminalização das comunidades, em especial daqueles que buscam resistir aos abusos cometidos diariamente pelos policiais das UPPs. “Barbárie ou barbáre, essa é a opção entre tráfico e UPP”, disse. Ele terminou sua fala conclamando os moradores de comunidades a trocar a “consciência de morte” por uma consciência de classe: “Favela é Quilombo!”, afirmou, para em seguida contrapor a “lógica do asfalto, baseada na mercadoria”, com a “lógica das comunidades, onde há uma rede de sociabilidade baseada em uma cultura de sobrevivência”.

Já Natália Damazio, que é pesquisadora e militante no movimento de Direitos Humanos, chamou atenção para o aprofundamento das formas de controle e cerceamento de liberdade promovidas pelo Estado brasileiro. Na semana anterior à oficina, ela esteve junto com outros advogados da Justiça Global apresentando uma denúncia junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em Washington.

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Natália assinalou que este aumento na repressão estatal é um fenômeno que não se restringe ao Brasil, sendo uma característica encontrada em toda América Latina nos dias de hoje. Ela destacou a proliferação das chamadas “leis anti-terrorismo” que, na verdade, são utilizadas para perseguir movimentos sociais.

Ela destacou a portaria do Ministério da Defesa que foi lançada em 2014 afim de garantir a “lei e a ordem”, mas que em suas 68 páginas parece estar mais interessada em alargar os poderes repressivos do executivo e contém diversas arbitrariedades. “A realização de grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas servem de pretexto para essa expansão dos poderes repressivos do Estado”, constatou.

Após as falas iniciais, houve animado debate e roda de funk, com letras de protesto. Ao fim, decidiu-se que a próxima oficina (ainda sem data definida) será dedicada à reflexão sobre os desafios da esquerda na conjuntura atual.

Para saber a data da próxima oficina e mais informações sobre o Conflitos e Resistências, visite a página do facebook.

 

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