Foto: Gt de Comunicação. Curso Mulheres e Economia I discute impactos do pagamento da dívida pública na vida das mulheres
“O Brasil já nasceu enquanto nação devendo, pagando a dívida, expropriando as riquezas nacionais. É urgente reverter essa lógica. Nós mulheres somos credoras e não devedoras. O Estado nos deve em saúde, educação, transporte, em políticas públicas no geral”. Com esta reflexão, a economista Sandra Quintela do Pacs abriu o terceiro encontro do curso Mulheres e Economia I que aconteceu na tarde de ontem (19) em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Com esta discussão, buscou-se elucidar o mecanismo que leva ao endividamento sistemático do Estado brasileiro, e a priorização, pelos distintos governos na história, do pagamento da dívida pública, interna e externa, seus juros e amortizações em detrimento ao investimento em políticas públicas.
Segundo dados publicados pela Auditoria Cidadã, colhidos no Sistema de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), no ano de 2013, mais de 40% do orçamento total da união foi destinado ao pagamento da dívida, juros e amortizações. O montante é de 718 bilhões de reais, o que representa quase 2 bilhões por dia aportados para o pagamento de credores internacionais. Em 2014, num levantamento referente ao período de janeiro a abril, a porcentagem subiu e esta soma já representava 3,4 bilhões/dia. Por outro lado, o investimento em saúde e reforma agrária representavam no mesmo período respectivamente 4,11 % e 0,22% do orçamento total da união.
“A questão da dívida é na verdade um grande mecanismo de tirar dinheiro dos mais pobres e transferir para os mais ricos. E quem paga essa conta é principalmente as mulheres”, afirmou Sandra. Uma das participantes do curso completou a reflexão: “o problema é que a gente não tem acesso a essas informações. Não dá pra confiar no que sai na mídia. Eu fico chocada com esse roubo”, destacou.
Na próxima terça-feira (26) O Curso Mulheres e Economia I irá discutir o tema Saúde das mulheres e combate à violência de gênero na sede do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro – Sinpro, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Entender para transformar
O Curso Mulheres e Economia I tem dez anos de existência. A edição deste ano é uma realização do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) em parceria com o Núcleo de Estudos Urbanos da Fundação Educacional Unificada Campograndense (Neurb / Feuc) e a Universidade da Cidadania (UFRJ). A iniciativa conta ainda com o apoio da Pão para o Mundo, do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro) e do Instituto de Formação Humana e Educação Popular (IFHEP). A formação tem carga horária de 30 horas e oferece certificado de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A metodologia da formação baseia-se nos princípios da educação popular e no entendimento de que o conhecimento crítico se constroi conjuntamente. Nesta perspectiva, o curso conta com grupos de cogestão integrados pelas participantes para pensar e intervir nos conteúdos abordados, nas questões de infraestrutura, de comunicação e de outras linguagens.
Serviço
Quando? às terças, de 13h às 18h (de 05/08 a 09/09)
Onde? Sinpro – Rua Manaí, 180, Campo Grande (próximo à faculdade Moacyr Bastos).
Mais informações: [email protected] /2210-2124
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