venezuela

 por Kayo Moura, estudante de Relações Internacionais na PUC-Rio

Dois dias após a assinatura de um Decreto Executivo pela administração norte-americana, que declara a Venezuela uma ameaça à Segurança Nacional dos Estados Unidos, o Cônsul Geral da República Bolivariana da Venezuela no Rio de Janeiro realizou na última quarta-feira (11) coletiva de imprensa para denunciar a existência do que classificou como uma contínua tentativa de golpe de Estado na Venezuela, apoiado pelos Estados Unidos da América. Reunido com cerca de quinze jornalistas, colaboradores ligados em sua maioria a movimentos sociais, o deputado Paulo Ramos (PSOL-RJ) , o Cônsul Edgar Alberto González Marín leu um documento intitulado “Venezuela Denuncia Continuação do Golpe de Estado e Ingerência Imperialista”.

No documento, certos acontecimentos são apontados pelo governo venezuelano como parte de um plano de agressão à democracia e estabilidade no país. “La salida” e “Operação Jericó” são destacados como parte desse processo, sendo o primeira um plano de utilização de manifestações sociais com apoio da mídia internacional, e a segunda uma tentativa de ações militares diretas, ambos orquestradas pela ultradireita venezuelana com os EUA. Ainda segundo o governo, o fracasso desses planos leva a deflagração de uma guerra econômica contra o atual governo, conduzida por alguns setores da produção industrial e comercial venezuelana, que se aproveitando do fato do país ser monoprodutor, portanto dependente quase que em sua totalidade de produtos importados, priva a população do acesso aos principais produtos de alimentação e higiene.

Após a leitura do documento, o Cônsul geral, senhor Edgar Alberto González Marín, declarou que a Republica Bolivariana da Venezuela enxerga nos Estados Unidos a verdadeira ameaça para a segurança e soberania do seu país, da América Latina e do Mundo. O cônsul destacou ainda que na atual conjuntura multipolar, em que novas potências emergem (China e BRICS) e os EUA se veem afastados dos processos de integração latino americanos, esse comportamento interventor intensifica-se. Ainda segundo o Consul, os Estados Unidos procuram somente uma justificativa para perpetrar uma violação da soberania Venezuelana. Ele citou o Iraque, a Síria, Ucrânia, Líbia e tentativas passadas de golpe na própria Venezuela como exemplos desse comportamento. Dessa forma, em nome do governo venezuelano convidou os países latinos americanos bem como a comunidade internacional a repudiar e condenar tais ingerências nos assuntos internos venezuelanos por parte do governo norte-americano.

O governo afirma estar disposto ao diálogo para encontrar uma solução política negociada, respeitando a Constituição venezuelana, mas declara que não entregará a Venezuela para a ultradireita, tampouco para o “imperialismo golpista”. O Cônsul alertou ainda que a oposição deve respeitar um governo que vem sendo eleito democraticamente nos últimos quinze anos e que se desejar chegar ao poder que siga as vias legais, participando das eleições parlamentares que ocorrerão no segundo semestre desse ano. Durante as perguntas, o Consul foi questionado sobre a possibilidade de perda de poder do parlamento, frente ao pedido do Presidente Nicolás Maduro para conferir-lhe poderes especiais na atual conjuntura. O Consul respondeu reafirmando que essa medida fortalecerá o presidente, o congresso e a Venezuela, sem explorar muito de que forme isso se daria. Respondendo a outra pergunta ele afirma ainda que as relações econômicas entre Venezuela e Estados Unidos continuam, apesar de haver um medo crescente em relação a uma possível intervenção econômica a seu país.